Ética digital será fundamental para a sobrevivência dos negócios

 In Sem categoria

Na medida que mais empresas passam pelo processo de transformação digital, outra questão entra em pauta: a ética digital. De acordo com o relatório Avanade Trends, que avalia tendências no mercado, a ética digital será fundamental para a sobrevivência das empresas. Mas o que é isso? Conforme o próprio relatório, é criar confiança com o cliente e o colaborador.

O debate acerca da ética digital parece ser um grande desafio até mesmo para empresas líderes no setor de tecnologia. Isso ficou ainda mais claro quando a notícia de que as empresas Apple, Amazon, Google e Facebook poderiam ser investigadas por práticas de concorrência desleal fez com que elas perdessem US$ 131 bilhões em valor de mercado. O Facebook, aliás, tem se envolvido com escândalos de privacidade desde 2016, quando estourou o caso da quebra de privacidade de usuários explorada pela Cambridge Analytica durante as eleições presidenciais dos Estados Unidos.

Mas toda e qualquer empresa vai se deparar com essa discussão, cedo ou tarde. Isso vai acontecer com a disseminação de tecnologias digitais, como inteligência artificial (IA), big data e automação. Esses dilemas éticos envolvem diversas, como até que ponto dados de usuários podem ser coletados e usados. Segundo a pesquisa, essas questões já fazem parte do ambiente corporativo: 82% dos C-levels de 12 países concordam que ética digital é necessária para a popularização da inteligência artificial. Por outro lado, 81% afirmam não confiar na capacidade das organizações em criar tecnologias que sejam éticas.

Para a Avanade, o caminho que respeita os preceitos éticos é aquele que insere essa preocupação em todas as etapas, do desenvolvimento até a relação com o consumidor. Uma preocupação exposta pela pesquisa é em relação a algoritmos que não sejam inclusivos e adaptáveis—ou seja, aqueles que contenham vieses discriminatórios.

Regulamentação não é suficiente

A União Europeia e países como Estados Unidos têm discutido como regulamentar as empresas de tecnologia. Três multas já foram aplicadas pela UE ao Google, uma de € 50 milhões, outra de € 4,3 bilhões e, a mais recente, de € 1,5 bilhão. Para Marcelo Serigo, líder de inovação tecnológica para growth markets da Avanade, regras não são o suficiente, já que servem como direcionamento para as organizações, mas não conseguem abordar a questão ética nos meios digitais. “No Brasil, está dentro da lei: as empresas podem monitorar a troca de e-mails dos seus colaboradores dentro do trabalho. No entanto, não limita até onde as informações podem ser usadas para encontrar padrões de comportamento dos seus colaboradores”, afirma. “Deixa o caminho livre para cada empresa decidir.”

As empresas já estão se reorganizando para criar estratégias mais éticas digitalmente. Google e Microsoft têm criado comitês e realizado parcerias com universidades para auxiliá-los na análise sobre a questão de ética na tecnologia. No ano passado, a Salesforce contratou Paula Goldman para um cargo recém-criado de chefe de ética digital. “Ética digital significa confiança”, afirma Serigo. “Quem não começar a implantar vai ficar para trás, porque o mercado, tanto os stakeholders como os clientes, vão pedir mais transparência.”, finaliza.

Fonte: Época Negócios

Edição: Ricardo de Souza – Jornalista

Recent Posts

Start typing and press Enter to search